Data de lançamento: 3 de Maio de 1999
Género: BritPop
Duração: 58 min.
Gravadora: Nude
Produtores: Steve Osborne, Bruce Lampcov
Head Music é um álbum interessante. Toda a gente tem uma opinião diferente sobre este álbum, embora haja um consenso que este não é o melhor dos trabalhos dos Suede. Os problemas de Brett com as drogas começavam a preocupar, e isso influenciava o processo de criação artística da banda. Por exemplo, as ideias de Richard Oakes eram muitas vezes deitadas fora em favorecimento das experiências electrónicas de Brett Anderson e Neil Codling, e isso criava barreiras dentro da banda.
Head Music é Coming Up com um toque electrónico. Neil Codling teve muito mais participação nas faixas neste álbum, e isso nota-se. Isso é bom quando se repara que várias das melhores músicas do disco tiveram a sua contribuição, mas quando olhamos para “Elephant Man” ficamos de pé atrás. Já lá irei.
De início, tudo parece mesmo “Suede”. O disco arranca com “Electricity”, um dos melhores singles já lançados pela banda, que singrou pelo seu som bem rockeiro, e com o refrão viciante e acessível. A letra ajuda: “Temos um amor entre nós e parece electricidade”. Bem pop. O problema (ou não) é que depois disso vem “Savoir Faire”. A primeira reacção deverá ser: “Que é esta m****?!”. Começando pela voz de Brett… Sempre foi nasal como tudo, mas aqui parece ter enchido a pança de hélio ou algo parecido… A música é bem simpática, mas a letra não acrescenta nada de novo aos Suede. Aliás, é mais do mesmo. “She shaking the scene outside and between”, “She shaking the scene like a fucking machine”… Brett adora dizer “shaking the scene, like…”. Já há muito tempo se tinha percebido isso, mas mais um disco inteiro a dizer isto… LOOOOOL Mas por incrível que pareça, quanto mais excêntrica e esquizofrénica a música fica, mais se gosta dela: o coro no refrão é de partir o côco a rir… Infelizmente, a impressão que fica depois da música é de que Brett enlouqueceu de vez.
Mas eis que se ouve algo muito bom. É “Can’t Get Enough”!! “Assim está bem!”. Do melhor que os Suede já fizeram, “Can’t Get Enough” é daquelas músicas que com certeza já muita gente ouviu mas não sabe de quem é. Aquele refrão cliché não podia ser mais óbvio: “singing iiiiii can’t get enough!”; a guitarra está linda, e o no geral está tudo nos trinques. “Everything Will Flow” é uma música mais lenta, que é orientada pelo “teclado disfarçado de violino” de Neil Codling. Se há alguma coisa a dizer sobre esta faixa é que é muito boa…
De seguida aparece mais um faixa pouco “Suedesca”. “Down” é uma espécie de balada electrónica, que apesar de se tornar incrivelmente repetitiva, é bastante agradável. “She’s In Fashion” é a música mais levezinha do catálogo dos Suede. Brett começa a falar de uma tipa qualquer que viu a passar na rua enquanto viajava de carro, com aquela vozinha característica. Ele tinha que falar em cigarros como sempre, mas tirando isso, é das melhores músicas de Head Music, onde o conjunto maracas-teclado-guitarra funciona muito bem.
“Asbestos” parece mesmo que foi escrita enquanto Brett fumava umas ganzas… Tem um som bem exótico, descontraído, e fala de “raparigas do subúrbios” que “fazem olhos aos rapazes dos subúrbios”… O que marca é o magnífico riff que percorre a faixa quase de princípio ao fim. Basta ouvir…
Onde o disco fica maluco é aqui. “Head Music” não é má, mas tem problemas. Brett Anderson parece bêbedo, apesar da sua boa performance, mas a letra ainda consegue ser pior. Parece falar de música, mas acho que ninguém conseguiu perceber do que fala exactamente. “Give me head/ give me head/ give me head/ music instead/ ooooh yes it’s all in the mind”. ??
Mas o cúmulo é atingido em “Elephant Man”, a faixa escrita na sua totalidade por Neil Codling. Começa incrivelmente bem! Aquela batida forte e desafiadora, a voz cool e confiante de Brett e o seu efeito “walkie talkie” prometem. Musicalmente é razoável, mas quando se atenta na letra… é uma mixórdia de cima abaixo. “I am i am the elephant man/ it is incredible how i can/ look just like just like an elephant man/just like just like my elephant man”… pah… arranja lá isso, Brett…
Quando Head Music já estava cá em baixo, “Hi-Fi” entra em cena, e é o descalabro… É simplesmente das piores coisas que já ouvi dos Suede, ao lado do b-side “Feel”. Que tortura… Aquele som irritante do teclado faz mal aos ouvidos, e aquele “hi-fiiii” de Brett é ridículo.
Felizmente, segue-se “Indian Strings”, e passamos do mau para o requintadamente bom. O teclado de Neil cria um atmosfera bem indiana, em conjunto com a guitarra acústica de Richard. A bateria forte é substituída por uma data de tambores, e Brett, com a sua voz de lamento, consegue criar uma atmosférica exoticamente melancólica. Depois, o refrão dá o toque final, usando novamente o “teclado disfarçado de violino” de Neil num “riff” delicioso, acompanhado por um baixo cheio de classe, e uma guitarra eléctrica do melhor que há. No fim, até acabar o tema, junta-se tudo, e o resultado é espectacular.
Mas “He’s Gone” e “Crack In The Union Jack” não ficam atrás. Aliás, estas, e “Indian Strings” formam o melhor momento de Head Music. “He’s Gone” é uma balada à Suede. Brett tem uma performance intocável, e a letra é muito boa, ao contrário de certas e outras que aparecem no disco… “Like the leaves on the trees/ like the Carpenters song/ like the plains and the trains and the lives that were young/he’s gone, and it feels like the words to a song”. Das melhores estrofes que já ouvi, com certeza. Depois, a fechar, uma música curtinha. “Crack In The Union Jack” é o mais perto que os Suede estiveram de dar uma opinião política, numa faixa onde apenas se ouve a guiatrra tocada por Brett e o teclado tímido de Neil. “Heard it on the radio/ saw it on the news today/ heard the lonely people say/ “there’s a great big crack/ in the Union Jack””.
Em suma, “Head Music” tem os seus problemas, mas não é algo que envergonhe os Suede. Tem um par de canções muito boas, outras apenas boas, e umas que ou se vai gostar ou se vai detestar por completo. Há de tudo, e se este é o álbum menos compacto dos Suede, não é por isso que é menos desfrutável. Para fãs, é um CD diferente daquilo a que estão habituados a ouvir dos Suede, mas contém temas interessantes, e merece ser ouvido. Há quem adore, há quem deteste: eu gosto, e embora concorde que este seja o menos bom dos álbuns dos Suede, tenho a certeza que mais gente gostará se ouvir. Fica aqui a sugestão.
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